“As espécies que sobrevivem não são as mais fortes, nem as mais inteligentes, e sim aquelas que se adaptam melhor às mudanças” Charles Darwin
Você já ouviu falar sobre o estado de “Flow”?
Atualmente é muito comum que as pessoas sintam dificuldade em “entrar” completamente em alguma atividade. É possível que haja muita coisa na própria cabeça e que isso dificulte a imersão suficiente nas tarefas do momento. Ainda, é possível que você esteja mais suscetível a eventos externos e se distraia de tempos em tempos.
Chamamos de “Flow” o oposto desse estado distraído e de atenção muito parcial em uma atividade, conforme descrito extensivamente pelo psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi.
No estado de Flow, há uma completa absorção em uma atividade, onde alguém está totalmente envolvido e focado, perdendo a noção do tempo e da consciência de si. O fluxo geralmente ocorre quando as habilidades de uma pessoa estão bem alinhadas com os desafios da tarefa em questão, levando a um sentimento de satisfação e desempenho ótimo. Ele é frequentemente descrito como um estado de profundo prazer e motivação intrínseca, onde o indivíduo experimenta uma conexão perfeita, sem esforço e altamente recompensadora entre suas ações e seu senso de self.
Essa sensação de produtividade é fundamental para o bem-estar humano. Ainda que esse estado seja típico de atividades artísticas e esportivas, pode (e podemos buscar isso) ocorrer em muitas outras atividades produtivas.
E como identificar o Flow, isto é, quais são as características desse estado mental tão importante? Veja abaixo.
– A atividade de escolha é gratificante;
– Há objetivos desafiadores, mas alcançáveis;
– Atenção plena na atividade;
– Sensação de maestria e habilidade na atividade realizada;
– Regulação afetiva: há serenidade durante a atividade;
– Há uma intensa concentração com imersão profunda na atividade e uma certa desconexão com o próprio corpo e uma menor consciência de si;
– O foco no presente é tamanho que há uma perda da noção de tempo.
Mas porque o Flow é tão importante?
Esse estado nos ajuda a construir habilidades importantes e úteis na nossa profissão e em outras áreas da vida. A sensação de maestria em algo, de aprendizado proveniente de objetivos claros, assim como prazer, regulação afetiva e criatividade são obviamente importantes. Todos esses elementos ajudam na construção de felicidade, no gerenciamento de estresse e no cultivo de resiliência.
Além de atividades artísticas, esportivas e em jogos, existem dois grandes grupos de atividades onde você pode desenvolver o Flow, para o aprendizado de novos conhecimentos e habilidades e no aprimoramento daquelas habilidades já adquiridas.
E em que atividades NÃO buscar o Flow?
Atividades repetitivas não construtivas como redes sociais e vídeo game, sobretudo se misturadas com substâncias de abuso, como álcool e maconha. As redes sociais e video games são projetados para induzir uma versão perniciosa do que seria o Flow. A ideia é te prender indefinidamente através de múltiplos estímulos em sequência, e não através de aprendizado progressivo misturado com sensação de maestria em algo efetivamente útil na sua vida. E isso faz toda a diferença!
Um fato interessante é que ao experimentar esse “Flow fake”, frequentemente pode ser mais e mais difícil alcançar o “Flow” de verdade, portanto toda cautela é necessária.
Para alcançar o Flow, busque aprender a estabelecer objetivos claros, tenha cuidado com distrações, principalmente do ambiente externo. Ainda, selecione atividades gratificantes, mas desafiadoras, e incorpore a mentalidade de iniciante, aberta ao aprendizado É importante abandonar o perfeccionismo, uma vez que a melhora da habilidade é lenta e progressiva.
Pessoalmente, eu busco o Flow em ao ler livros e artigos do meu interesse, mas que são em algum grau desafiadores pra mim. Fica a sugestão para você praticar na sua rotina.
O filme Cisne Negro exemplifica uma versão pouco saudável do estado de Flow que descrevi na newsletter de hoje.
Beth MacIntyre (Winona Ryder), a primeira bailarina de uma companhia, está prestes a se aposentar. O posto fica com Nina (Natalie Portman), que possui uma série de sintomas de transtornos mentais e uma relação pouco saudável com sua mãe e com o diretor artístico da companhia de dança em que atua.
Uma busca incessante por perfeição, associada a excesso de controle sobre si e carência de autocompaixão coloca a protagonista em uma trajetória perigosa de deterioração da sua saúde mental.
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