Todos sabemos que psicoterapia envolve a identificação de fatores muito pessoais e seu manejo ocorre em um ambiente seguro onde o vínculo com um profissional capacitado se desenvolve e serve como catalisador para mudanças positivas. 

Entretanto, podemos descrever princípios gerais das psicoterapias para transtorno de pânico. Vale aqui também lembrar que muitas destas intervenções podem e devem ser, ainda que parcialmente, fornecidas pelos médicos quando prescrevem medicações e acompanham seus pacientes com transtorno de pânico.

 

Em primeiro lugar, pacientes devem receber informações a respeito do transtorno de pânico. Informação também é tratamento. Muitas pessoas se sentem aliviadas ao saber que o que sentem tem nome e que é compartilhado por muitos outros indivíduos.

Ataques de pânico do transtorno de pânico tipicamente não têm desencadeante claro imediatamente antes da crise. Entretanto, sabemos que muito frequentemente um transtorno de pânico surge em momentos de estresse extraordinário ou em momentos de transição de vida.

Ainda que ataques de pânico surjam, ao menos inicialmente, sem desencadeante claro, ao longo do tempo podem passar a ser desencadeados por múltiplas razões, que vamos chamar aqui de gatilhos.

Os gatilhos podem ter diferentes origens. Podem ser um pensamento, situação, ou até algo sutil como uma ligeira mudança na frequência cardíaca, ainda que possam ser sensações físicas mais intensas, como uma dor. Por mais que esses gatilhos todos por si só em geral não sejam importantes, acabam por receber enorme atenção e geram preocupações que podem crescer e se tornar um ataque de pânico. O tratamento aqui inclui o esclarecimento de que os gatilhos por si são inofensivos e distintos do ataque de pânico.

Um gatilho muito importante para muitos pacientes é permanecer em ambientes considerados inseguros, como lugares com muitas pessoas, ou de onde uma fuga não é fácil. Para algumas pessoas, pode ser até difícil sair de casa. Nessas circunstâncias, o que é feito é uma progressiva e repetitiva exposição a esse objeto de medo. 

O profissional pode identificar, junto ao paciente, situações que geram ansiedades com intensidades variadas, de leves a insuportáveis. Inicia-se por exposição a situações que tendem a desencadear ansiedade leve, de maneira que progressivamente essa ansiedade, mesmo leve, deixa de acontecer. Em função disso, situações que inicialmente desencadeiam ansiedade moderada passam a desencadear ansiedade um pouco menor, fazendo com que a exposição a elas seja possível. Quando isso é feito sistematicamente, vemos que os pacientes passam a conseguir enfrentar mesmo situações que inicialmente eram insuportáveis.

  

E o autocuidado?

Tratamento médico e psicoterápico são muito importantes para o cuidado adequado do transtorno de pânico. Entretanto, é muito importante que pacientes com esse problema e seus familiares saibam como conduzir a própria vida de maneira saudável e que os proteja melhor desse problema de saúde.

Há 3 temas importantes que você vai sempre ler ou ouvir falar quanto a autocuidado: sono, atividade física e alimentação saudável. Saiba que você pode incorporar ao seu estilo de vida hábitos saudáveis, que podem ajudar a reduzir a ansiedade e os ataques de pânico. Alimentar-se de forma saudável, descansar o suficiente e fazer exercícios regularmente pode ser útil na redução do estresse em geral. Pesquisas consistentemente mostram que exercícios aeróbicos regulares, como corrida, ciclismo ou outros exercícios de intensidade moderada a alta podem reduzir a intensidade de sintomas de ansiedade. 

As técnicas de relaxamento podem ajudar ainda mais alguém a “fluir” de um ataque. Essas técnicas incluem, por exemplo, retreinamento da respiração ou visualização positiva. Aprender a respirar de uma forma relaxante pode ajudar muito alguém a lidar com um ataque de pânico e também prevenir ataques futuros.

Transtorno de Pânico tem um tratamento extremamente eficaz e é importante iniciá-lo e persistir nele sempre!

Já que falamos sobre psicoterapia, assista esse episódio do Papo de Psiquiatra: #54 – Por que a terapia funciona?

Entenda mais sobre psicoeducação e como ela pode nos ajudar a tomar melhores decisões nesse episódio: clique aqui.

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